O que é o fado para si?

O fado é a expressão cultural e musical dos portugueses, que refletem as suas emoções. 

Recuemos no tempo. Quando começou o interesse pela música?

Desde que me conheço. Sempre que uma música ou poema me tocasse, logo a trauteava. Talvez e sem saber, fosse o início de tudo. 

Consegue perceber quando começou a cantar o fado?

Sim. Foi de uma forma natural e espontânea. Em jovem vivia rodeado de fado, pois nos bairros populares de Lisboa, onde fui criado, era uma música ouvida e cantada por todos.

Podemos dizer que o Natalino nasceu para a música. Define-se como fadista? Como começou a cantar?

Não sei se nasci para a música, sei que não vivo sem ela. Sim, sou fadista, ser fadista não se define, sente-se.

Quem é a sua maior influência? E a sua maior inspiração?

Todos temos as nossas influências quando começamos. Eu, naturalmente tive as minhas, Manuel de Almeida, Fernando Maurício, F. Farinha entre outros.

A minha maior inspiração, é o meu estado de alma no momento e no público para quem canto.

O que nos pretende transmitir quando canta?

A mensagem que o poeta escreveu, para isso tenho que me colocar dentro dela e vive-la o mais possível. Só assim consigo transmitir a mensagem.

Há alguma fase na sua vida em que tenha sentido não ter encontrado o seu registo enquanto cantor?

Numa fase inicial talvez todos passemos por isso, mas depressa encontrei o meu caminho com interprete.

A casa de Fados «A Severa» onde faz parte do elenco, significa o quê para si?

É um enorme orgulho fazer parte do elenco há 30 anos (uma vida), numa das casas mais emblemáticas e históricas do fado. Foi a minha grande escola ao longo dos anos. Foi na Severa que amadureci como fadista encontrei o meu caminho e a minha forma de estar no fado.

Qual o sentimento de levar o fado além fronteiras, através das constantes presenças pelo mundo fora?

É um misto de sentimentos, realização e de gratidão, pois sinto a responsabilidade de ser mensageiro de uma parte nobre da nossa cultura. A forma como sou recebido e a satisfação que sinto pela alegria de quem nos escuta, orgulha-me e sinto-me agradecido por poder realizar essa missão.

O fado fica bem entregue às novas gerações?

Creio que sim. Existe muito talento. Em todas as gerações existe no tempo inicial, uma tentativa de inovação, que por vezes não se apropria a este tipo de música. Com o decorrer do tempo e com o conhecimento natural que vão adquirindo começam a sentir a singularidade musical desta área e encontram o seu caminho dentro do Fado.

O que é que um músico com uma carreira tão longa e afirmada como a sua, diria a um jovem cantor que se quer iniciar agora na música e no Fado?

Escutem atentamente e oiçam muito fado. Assim perceberam a dimensão desta música e será mais fácil interpretar com a paixão que a caracteriza.

Qual é a marca que quer deixar no fado?

Nunca pensei nisso nesses termos. Quero, simplesmente, contribuir para a sua divulgação com verdade. Se conseguir isso, considero missão cumprida.